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segunda-feira, 29 de maio de 2017

Cientistas criam ovário 3D que recupera a fertilidade de ratas e pode ser esperança para mulheres

Bioprótese faz com que ratas inférteis ovulem e procriem. Segundo pesquisadores norte-americanos, o procedimento poderá beneficiar mulheres que perderam a capacidade de engravidar após tratamentos contra cânceres

Um ovário impresso em 3D e com baixo risco de rejeição surge como solução promissora para mulheres que sofrem com a infertilidade. A solução foi criada por pesquisadores dos Estados Unidos e testada em ratas inférteis. Depois de submetidas ao implante, as cobaias tiveram filhotes saudáveis. Os autores da pesquisa, publicada na última edição da revista Nature Communications, ressaltam que o novo dispositivo precisa de mais testes, mas a equipe está otimista com os resultados obtidos até agora e aposta que mulheres que sonham com a maternidade poderão ser beneficiadas pela técnica.

O objetivo inicial era criar uma réplica de ovário que fosse completamente funcional e aceita sem riscos pelo corpo feminino. Os cientistas utilizaram como matéria-prima o hidrogel biológico, substância gerada a partir da quebra do colágeno, com uso seguro em humanos. Os pesquisadores explicam que o material também se destaca por ser rígido o suficiente para ser manipulado durante a cirurgia de implante e pela porosidade, propriedade necessária para que a prótese possa interagir naturalmente com os tecidos do paciente.

“A maioria dos hidrogéis é muito fraca, uma vez que são compostos principalmente por água. Mas nós encontramos uma temperatura que permite que o material tenha sustentação, levando à construção de camadas múltiplas”, explica, em comunicado à imprensa, Ramille Shah, pesquisadora da Universidade de North-western, nos Estados Unidos, e participante do estudo. A peça impressa é uma espécie de empilhamento de pequenas placas quadradas de hidrogel biológico.

No experimento, ratas tiveram os ovários retirados e receberam o implante de ovário bioprotético. Como resultado, as cobaias voltaram a ovular, concluíram a gestação e tiveram filhotes saudáveis. Os cientistas explicam que o sucesso do procedimento se deu graças à forma com que a estrutura foi construída, o que permitiu uma ligação direta com folículos ovarianos — células que ajudam na produção de hormônios e são responsáveis pela formação do óvulo.

Design facilitador
Os investigadores também perceberam que o design do ovário garantiu espaço suficiente para que vasos sanguíneos se formassem dentro do implante, o que fez com que os hormônios circulassem na corrente sanguínea das cobaias, desencadeando a lactação após o parto. “Este é o primeiro estudo que demonstra que a arquitetura do produto faz a diferença na sobrevivência do folículo. Não seríamos capazes de fazer isso se não tivéssemos usado uma plataforma de impressoras 3D”, ressalta a autora Shah.

Cientista e diretora do Instituto de Pesquisa em Saúde Feminina de Feinberg, nos Estados Unidos, Teresa K. Woodruff antecipa a aplicação do dispositivo. “A pesquisa mostra que o ovário bioprotético tem função duradoura. Usando a bioengenharia, conseguimos criar a estrutura de um órgão, fazer ele funcionar e restaurar a saúde do tecido ovariano”, diz. Para a equipe, mulheres submetidas a tratamentos contra câncer e que se tornaram inférteis poderão ser as maiores beneficiadas do procedimento.

Genevieve Coelho, ginecologista especialista em reprodução humana e diretora da clínica IVI Salvador, na Bahia, também acredita que a técnica ajudará pacientes oncológicas. “Aquelas que enfrentaram o câncer muitas vezes têm a necessidade de retirar os ovários. Há também as mulheres que nascem sem eles, nesses casos, a réplica seria uma boa opção.” Para outros casos de infertilidade, Coelho conta que uma técnica em teste tem surtido resultados positivos. “O grupo de pesquisa do qual participo injetou células-tronco diretamente na artéria ovariana, recuperando, assim, a ovulação, sem a necessidade de uma réplica do órgão”, detalha.

Coelho também destaca que, apesar de interessante, o uso de uma cópia ovariana está longe de se tornar realidade. “É um projeto que pode render resultados, mas daqui a 20 anos, provavelmente. Hoje, a maioria dos trabalhos tem buscado maneiras de rejuvenescer os ovários, uma forma de fazer com que os óvulos possam ser renovados quando a mulher chega à menopausa, depois da idade reprodutiva”, explica.

As autoras do estudo trabalham, agora, para criar um órgão que possa ser usado em qualquer idade da vida. “A finalidade dessa réplica é recapitular como um ovário funcionaria. Estamos pensando em uma opção que possa reproduzir cada estágio da vida da mulher, a puberdade, a idade adulta e até a menopausa natural”, detalha Monica Laronda, coautora do trabalho e professora assistente no Instituto de Pesquisa Infantil Stanley Manne.

Técnicas promissoras
Liderado por especialistas do Instituto Valenciano de Infertilidade (IVI) e do Hospital La Fe de Valência, ambos na Espanha, um grupo internacional de cientistas conseguiu fazer com que quatro mulheres engravidassem de forma natural após submetidas à técnica de aplicação de células-tronco na artéria ovariana. Outro procedimento em que a equipe trabalha é a fragmentação do tecido ovariano, na qual uma amostra desse tecido é retirada por meio da laparoscopia, fragmentada e, depois, devolvida ao local de origem, com o objetivo de ativar os óvulos adormecidos.

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