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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Medicamentos vão ficar mais caros

Remédios contra osteoporose e rinite estão na lista de cortes do programa Farmácia Popular
 
Rio - O corte no orçamento do Ministério da Saúde de 2016 afetará diretamente três milhões de usuários do Programa ‘Aqui Tem Farmácia Popular’ em todo país. O programa sofrerá uma redução de R$ 578 milhões e deixará de fornecer medicamentos com desconto nas farmácias conveniadas com o governo. Entre os remédios que ficarão mais caros estão os que tratam Parkinson, osteoporose e glaucoma, por exemplo.
 
Os cortes não vão afetar os remédios gratuitos distribuídos pelo Ministério, entre eles os de asma, hipertensão e diabetes.
 
Segundo o ministro da Saúde, Arthur Chioro, a crise no Sistema Único de Saúde é sem precedentes. “Não temos situação similar do ponto de vista orçamentário financeiro na história do SUS”, disse o ministro ontem, mesmo dia em que foi demitido por telefone pela presidenta Dilma.
 
Para os usuários do programa, a redução afetará seus orçamentos. “Acho isso um absurdo. A Dilma me decepcionou: só sabe tirar os benefícios do povo”, lamenta a pensionista Francisca Ferreira, 59. “Uso vários remédios, como faço?”.
 
A preocupação é partilhada pelo aposentado Flávio do Amaral, 77. “Compro 60 fraldas por mês, a R$ 7, cada pacote, sem isso tenho que pagar R$ 40”, contabilizo.  Além da farmácia popular, outras áreas também poderão sofrer com a redução de verbas, como os procedimentos de média e alta complexidade que deixarão de receber R$ 5,3 bilhões. O financiamento de serviços como hemodiálise e cirurgias eletivas também estão entre as ações que devem ser afetadas.
 
O ministério espera recompor o orçamento por meio de emendas parlamentares, mas reconhece que a estratégia ainda é incerta.
 
Medicamentos que perdem o subsídio e ficam mais caros:
Budesonida 32MCG — para combater a rinite.
Alendronato de Sódio 70 mg — contra osteoporose.
Maleato de Timolol 2,5 e 5 MG - para glaucoma.
Sinvastatina 10, 20 e 40 mg  —  indicado para dislipidemia (colesterol).
 
O Dia

Lixões têm custo anual de US$ 370 milhões para saúde pública no país

Lixão da Estrutural, em Brasília
Wilson Dias/ABr - Lixão da Estrutural, em Brasília
O tratamento de doenças relacionadas ao descarte inadequado do lixo pode custar US$ 370 milhões por ano ao sistema de saúde pública do Brasil, de acordo com um novo estudo que avaliou o impacto dos mais de 3.000 mil lixões do país sobre a saúde o meio ambiente
 
Divulgado na segunda-feira (28), o trabalho inédito foi realizado pela International Solid Waste Association (ISWA), em parceria com o Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana e com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza.
 
Segundo o levantamento, cerca de 75 milhões de brasileiros têm seus resíduos destinados a lixões ou outros locais impróprios.
 
De acordo com o coordenador do estudo, o grego Antonis Mavropoulos, da ISWA, pessoas que moram perto dos lixões, catadores de materiais recicláveis e trabalhadores de limpeza urbana são os principais afetados.
 
"As doenças se propagam por contaminação de água, solo, ar, fauna e flora", disse.
 
O trabalho analisou a produção de resíduos sólidos no Brasil entre 2010 e 2014 e concluiu que cerca de 1% da população desenvolve doenças.
 
"O custo para o SUS no tratamento dessas doenças é de US$ 500 por pessoa", afirma Mavropoulos. "Nossa estimativa é de custos anuais de US$ 370 milhões por ano, totalizando US$ 1,85 bilhão em cinco anos."
 
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Hospital municipal é acusado de erros em parto de jovem soropositiva

Divulgação/Agência Aids
"Não era o que você queria? Agora aguenta a dor." Foi o que Carolina*, jovem que vive com HIV, disse ter ouvido de uma obstetra do Hospital Municipal do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, ao dar à luz o filho Mateus
 
A frase foi só o começo do martírio em que se transformou o que era para ser o dia mais feliz na vida de Carolina. Além de ouvir comentários desagradáveis na sala de parto, ela e o filho receberam orientações médicas totalmente contrárias aos protocolos oficiais mais primários. Como, por exemplo, a de amamentar o bebê – o guia de recomendações do Ministério da Saúde sobre cuidados com a gestante soropositiva diz que a mãe não deve amamentar, pois o HIV está presente no leite materno.
 
Divulgaçã/Agência Aids
Tudo começou nas primeiras horas do dia 30 de junho, quando a bolsa de líquido amniótico da jovem rompeu. Ela foi levada pela família ao Hospital Municipal do Campo Limpo. "Cheguei lá confiante, tinha certeza de que tudo correria muito bem. Estava com 36 semanas de gestação e, apesar de não conhecer a equipe daquele hospital, fui bem instruída pelas médicas que me acompanharam no pré-natal, no Serviço de Assistência Especializado (SAE Jardim Mitsutani)", conta.
 
O parto estava previsto para 13 de julho, mas a criança resolveu nascer no dia em que Carolina teria a última consulta de pré-natal no SAE. "Quando a bolsa estourou eu tinha a caderneta e o kit gestante em mãos. Na caderneta, havia a recomendação da médica do SAE para parto cesárea, até porque eu estava com o colo do útero baixo. Mas os exames, inclusive o de carga viral, ficaram no prontuário do SAE. Não deu tempo de ir lá pegar, porque a bolsa rompeu e corri direto para o hospital", continua Carolina.
 
O exame de carga viral é importante para avaliar a probabilidade de a mãe passar o vírus para o bebê. Quanto menor a carga viral, menores são as chances de infecção. A de Carolina estava indetectável. Além disso, em seu kit gestante tinha todos os medicamentos necessários para ela e o filho durante o parto: remédio para cortar o leite, AZT xarope para a criança e duas ampolas de AZT para serem injetadas no soro para ela.
 
No hospital
Assim que chegou ao hospital, Carolina foi atendida na emergência do ambulatório. "A primeira médica que me examinou disse que o parto cesárea era o ideal para mim, mas a decisão não seria dela e sim de outra equipe que me atenderia."
 
Carolina foi levada para o centro cirúrgico e suas contrações aumentavam a cada momento. "Quando eu cheguei na sala de parto fui atendida por um médico 'bonzinho'. Ele tentou me tranquilizar o tempo todo. Logo depois, o plantão foi trocado e outra equipe passou a me atender."
 
Carolina diz que uma médica, chamada de dra Luiza, entrou na sala demonstrando mau humor: "Senti muita dor quando ela fez o primeiro exame de toque. Eu me mexi e ela falou algo assim: 'não mexe, na hora de fazer a criança você não estava mexendo'."
 
No segundo exame de toque, segundo Carolina, ela foi mais 'agressiva' ainda. "Eu estava tendo contrações muito fortes, sentia muita dor. Pedi para ela esperar um pouco para repetir o toque, mas ela não me ouviu e seguiu com o exame. Acabei me mexendo novamente e ela disse: 'você não é única que sente dor, mas se não quer minha ajuda fique aí sozinha´. E foi embora".
 
Carolina diz que ficou muito assustada, se sentiu humilhada, desamparada, mas pensou no filho. "Decidi concentrar minhas energias para trazer o Mateus* ao mundo. Fui ao banheiro e fiquei lá, fazendo força, até que chegou uma enfermeira e constatou que já era possível ver a cabecinha do neném. A médica voltou, mandou me deitarem numa mesa ginecológica. Mandou também chamar minha tia para assistir ao parto."
 
A garota conta que quanto mais se aproximava a hora do parto, mais a sala ia ficando cheia de enfermeiros e médicos e o nervosismo da obstetra aumentava. "Quando ela descobriu que eu não estava com o exame de carga viral, passou a dizer que eu era irresponsável por não estar com o exame, por ser jovem soropositiva e ter engravidado, mesmo sabendo do risco de contaminar o meu filho, me acusou de não levar o tratamento a sério, de ser egoísta por não deixar meu bebê nascer. Disse que eu não gostava do meu filho e queria que ele nascesse doente."
 
Na maca quebrada
Foi esse o clima que a tia de Carolina, Lúcia Helena*, notou ao chegar à sala do parto. "Ela veio passar a mão em mim, para me acalmar. A médica gritou para ela tirar as mãos, disse que eu poderia infectá-la. A tensão foi aumentando, o Mateus não nascia, a enfermeira já havia dito até que o coração dele estava ficando fraco, eu não tinha força."
 
Lúcia Helena diz que ficou horrorizada com a situação, mas preferiu se calar. "Eu não queria deixar minha sobrinha mais nervosa ainda. Já tinha visto um parto de uma afilhada e foi totalmente diferente, humanizado. Sei o quanto é importante para a gestante ter paz numa hora dessas. A Carolina estava sendo discriminada ali por ser soropositiva."
 
A médica, segundo Carolina, seguiu reclamando. "Chegou a ameaçar chamar a polícia para mim porque eu me mexia muito e, às vezes, acertava o pé nela. Ela só esqueceu que eu estava numa maca com um dos suportes para os pés quebrado."
 
Carolina conta que um dos momentos de maior desespero foi quando a médica começou a dizer que se o neném morresse a culpa seria dela. "Ela falava que ia me cortar, mas não me daria anestesia para não correr o risco de se infectar e infectar sua equipe, que era orientada por ela a não colocar a mão em mim. Fui ficando cada vez mais assustada."
 
Depois de quase três horas, Mateus nasceu. De parto normal, mesmo Carolina tendo em sua carteira de gestante a recomendação de cesárea. A anestesia, apesar de a médica ter ameaçado não fazer, foi dada.
 
"Só consegui dar à luz depois da chegada de um outro médico à sala. Ele apertava minha barriga e pedia que eu fizesse força junto com ele. Nessa hora, o neném desceu mais um pouco, a médica colocou as mãos dentro de mim e o puxou."


Divulgação/Agência Aids
Problemas no pós-parto
Com o filho no braço, Carolina levou outro susto ao receber a indicação de amamentá-lo, conforme consta no seu prontuário (foto). Como já sabia que o aleitamento materno não era recomendado, a nova mamãe não deu seu leite para a criança.

Na saída do hospital, ela estranhou outro procedimento do hospital: uma receita assinada e carimbada pela pediatra Synthia Souza (foto) indicava 10,1 ml de AZT para o recém-nascido a cada 12 horas. "Cheguei em casa, disse para a minha tia que a dose era muita alta e decidi diminuir por minha conta."
 
"Eu nasci com HIV e lembro que, aos 5, 6 anos, eu tomava essa medicação e não era uma quantidade tão grande. No hospital, o Mateus também não tomava essa superdose. Era só um pouquinho na seringa. Diminuí a dose para 3 ml e marquei uma consulta urgente com uma pediatra do SAE."
 
Segundo infectologistas ouvidos pela Agência Aids, o certo são 4 mg por quilo/dose. No caso de Mateus, que nasceu com 2 quilos e 700 gramas, o recomendado é 3,6 ml, segundo calculou a infectologista Mariliza Henrique, do CRT (Centro de Referência e Tratamento – SP), a pedido da reportagem. A informação sobre dosagem de AZT para recém-nascidos também consta do Consenso Pediátrico de Aids.
 
Carolina conta que levou a receita do AZT para uma das pediatras do SAE Mitsutani e, quando a médica viu, achou um absurdo, ficou muito brava, chamou a assistente social e disse: "Não é a primeira vez que chega uma receita do Hospital de Campo Limpo de AZT para recém-nascidos na quantidade errada."
 
O SAE Jardim Mitsutani é ligado à Secretaria Municipal de Saúde e, assim como os outros serviços da cidade, se manifestam por meio da pasta. Procurada para esclarecimentos sobre o caso, a secretaria nos enviou a seguinte nota: "A Autarquia Hospitalar Municipal (AHM) informa que foi feita uma reunião com familiares da paciente para esclarecer o caso. Também foi criada uma comissão interna para averiguação dos procedimentos. Ao término da investigação, os resultados serão comunicados aos interessados."
 
O movimento social
Depois de alguns dias do parto, a jovem e sua família procuraram a ONG Anima, que Carolina frequenta desde os 2 anos, para relatar o ocorrido. A ONG faz parte do Mopaids (Movimento Paulistano de Luta contra a Aids), que colocou o fato na sua pauta de reunião mensal. O assunto foi discutido no encontro do movimento em agosto. "Nossa ideia nunca foi expor a Carolina, mas as pessoas precisam saber deste caso para que outras jovens não vivam a mesma situação", explica a psicopedagoga da Anima, Renata Godinho Brandoli.
 
No dia 21 de agosto, o Mopaids enviou uma carta/denúncia – copiando Secretaria Municipal de Saúde – exigindo das autoridades municipais investigação e posicionamento.
 
"O Mopaids repudia o comportamento não humanizado de alguns profissionais do Hospital de Campo Limpo e ressalta o grave erro na indicação com dose errada do medicamento", diz o documento. Para o movimento, erros assim "mostram a fragilidade da rede de atendimento às mulheres com HIV".

Investigação
No dia 4 de setembro, a equipe técnica do Hospital de Campo Limpo recebeu os representantes do Mopaids José Araújo Lima e Renata Godinho, além de Carolina e sua tia Lúcia Helena, para uma conversa.
 
"O Hospital do Campo Limpo mostrou ser um fracasso quando o assunto é gestante vivendo com HIV/aids. Na realidade, existe um enorme buraco na cidade de São Paulo que precisa ser sanado. Não falta só protocolo de tratamento, falta ética na saúde municipal", opina Araújo.
 
O ativista conta que o clima na reunião não foi amigável. "Senti o tempo inteiro que a equipe do hospital queria minimizar o ocorrido. Eles tinham resposta para tudo. Um dos médicos até disse: ´só nos resta pedir desculpas´. "
 
Ainda, segundo conta Araújo, a equipe do hospital convidou o movimento social para fazer uma capacitação com os profissionais do local. "O Programa Municipal de DST/Aids é que tem de fazer capacitação contínua. E nos responder onde está, de fato, o treinamento? Indicar amamentação para um bebê filho de mãe soropositiva é um erro primário".
 
Procurado, o Hospital do Campo Limpo, também ligado à Secretaria Municipal de Saúde, alegou que aguarda as apurações.
 
Trauma
Nesses três meses, Carolina tem tentado esquecer a situação e se dedicar ao filho. Foi difícil reviver os fatos ao nos dar essa entrevista. "Eu me senti julgada o tempo todo. É como se você fosse um etezinho, ninguém coloca a mão em você pois você oferece risco. É desumano. Senti medo da médica. Toda vez que ela me tocava era como se eu estivesse num filme de terror. Tudo me machucava."
 
Nova vida
Carolina vive com Mateus e o pai dele, um jovem soronegativo, na periferia da zona sul, na casa da avó do marido. Ela parou de estudar no segundo ano do ensino médio e ele trabalha num lava-rápido. Carolina diz estar vivendo as experiências de qualquer mãe de primeira viagem. "A vida ficou muito corrida. É bem divertido e, às vezes, assustador. Mas eu teria o Mateus outra vez se voltasse ao passado. É muito importante ser mãe porque eu precisava de um pedacinho meu fora de mim. Eu olho para ele e penso: nossa, fui eu quem fiz. Ele é tão bonito."
 
* Os nomes Carolina, Mateus e Lúcia Helena são fictícios. Foram trocados para preservar a identidade das personagens

UOL

Santo André: Justiça assegura presença de farmacêutico na equipe de Fiscalização da Vigilância Sanitária

O CRF-SP garantiu na justiça, por meio de ação civil pública, a condenação da Prefeitura de Santo André a contratar profissionais farmacêuticos para coordenar as equipes de fiscalização sanitária dos estabelecimentos que comercializam produtos farmacêuticos
 
A ação partiu da síntese que, segundo o regulamento que disciplina a atividade do farmacêutico (Decreto n. 85.878/81), é uma atividade privativa a esse profissional a fiscalização de quaisquer produtos e estabelecimentos dessa natureza. No entanto, constatou-se que a equipe de fiscalização do Departamento de Vigilância Sanitária municipal necessitava deste especialista.
 
“A fiscalização profissional sanitária e técnica de empresas, estabelecimentos, setores, formulas, produtos, processos e métodos farmacêuticos ou de natureza farmacêutica é de responsabilidade privativa do farmacêutico, devendo-se manter supervisão direta, não se permitindo delegação. Assim, ao profissional farmacêutico cabe, com exclusividade, a fiscalização sanitária de quaisquer empresas ou estabelecimentos que explorem atividade farmacêutica, entendidos como aqueles que comercializam drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos”, afirma o art. 2º da Lei nº. 3.820, de 11 de novembro de 1.960.
 
Após julgamento, a prefeitura de Santo André ficou condenada a, no prazo de sessenta dias, inserir um profissional farmacêutico nas equipes encarregadas de fiscalizar farmácias e estabelecimentos congeneres, assumindo a responsabilidade técnica pelas vistorias realizadas.
 
Monica Neri
Assessoria de Comunicação CRF-SP

Cirurgia com célula tronco pode curar cegueira da idade

Pixabay.com - Procedimento inovador pode curar tipo de
cegueira comum entre idosos

Equipe britânica desenvolve tratamento que usa material embrionário
 
Londres - Médicos britânicos estão desenvolvendo uma técnica inovadora que pode levar à cura para a forma mais comum de cegueira. Especialistas têm saudado o tratamento como “um grande passo” no combate à degeneração macular relacionada à idade (DMRI). A cirurgia implanta uma espécie de curativo com células tronco embrionárias. O primeiro procedimento, feito com uma voluntária, foi um sucesso, dizem os médicos.
 
Essa perda de visão causada pelo desgate com a idade é muito comum. Só no Reino Unido são 600 mil pessoas com o problema. No Brasil, a enfermidade afeta cerca de 2,9 milhões de cidadãos, segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia. O objetivo dos responsáveis pelo novo procedimento é torná-lo rotineiro em sistemas de saúde pelo mundo, assim como o tratamento para a catarata.
 
A cirurgia consiste no implante de células oculares derivadas de células-tronco embrionárias na parte de trás da retina de uma pessoa que ficou cega devido à DMRI. O "curativo, desenvolvido exclusivamente para o paciente, “entrega” as novas células, que substituem as células doentes.
 
As células-tronco são as células mestras do corpo, a fonte de todas as outras células. Os cientistas que apoiam o uso de células-tronco embrionárias dizem que essa técnica pode transformar a medicina, gerando tratamentos para a cegueira, diabetes juvenil ou ferimentos graves.
 
A primeira de dez cirurgias planejadas para efeito de estudo aconteceu no mês passado, no Moorfields Eye Hospital, com uma voluntária de 60 anos. Segundo um comunicado da instituição divulgado nesta terça, "não houve complicações até o momento". A equipe vai acompanhar o pós-operatório e espera determinar um resultado em termos de recuperação visual até dezembro. Todos os voluntários têm a DRMI na forma molhada, que é o tipo mais severo da doença.
 
As células utilizadas no tratamento pertencem ao epitélio pigmentar da retina (EPR), camada celular que mantém os fotorreceptores na mácula. A mácula é justamente a região do olho que nos permite enxergar com mais clareza e definição. Quando há degeneração macular, as células do epitélio morrem e a pessoa sofre perda da visão central. Ela começa a ver imagens distorcidas ou sobrepostas por um borrão.
 
A DMRI é responsável por quase 50% de todos os casos de cegueira ou perda de visão no mundo. Geralmente afeta pessoas com mais de 50 anos e aparece em duas formas: seca (mais leve) ou molhada (mais severa). A DMRI molhada, que é menos comum do que a seca, é geralmente causada por vasos sanguíneos anormais que vazam fluido ou sangue para uma região no centro da retina.
 
Esses testes são parte do Projeto de Londres para Curar a Cegueira — uma parceria entre o Moorfields Eye Hospital, o Instituto de Oftalmologia da University College London (UCL), e o Instituto Nacional de Pesquisa de Saúde da Grã-Bretanha. A gigante farmacêutica americana Pfizer juntou-se à pesquisa em 2009.
 
Chris Mason, professor de medicina regenerativa na UCL, disse que o estudo é um importante passo em direção à cura de uma das principais causas de cegueira e também uma maneira de aprofundar a compreensão do uso de células-tronco embrionárias em tratamentos.
 
— Se o tratamento contra a DMRI for bem-sucedido, ao utilizar células-tronco embrionárias como recurso primordial, a terapia pode ser fabricada em larga escala — comentou Mason.
 
O Globo

Cientistas desenvolvem potente anestésico contra a dor crônica

Substância que alivia o desconforto, não causa efeitos colaterais e é aplicada diretamente na região lombar
 
Em algumas pessoas, os sentidos se confundem e a dor, essencial para a proteção do corpo, se torna patologia. Como o tratamento costuma ser longo e difícil, cientistas conduzem uma busca incansável por uma droga ou uma intervenção que resolva a dor crônica ou neuropática definitivamente.
 
Uma das iniciativas promissoras nesse sentido foi publicada na edição desta semana da revista Science Translational Medicine por pesquisadores da Universidade da Califórnia e dos Institutos Nacionais de Saúde, ambos nos Estados Unidos. Juntas, as instituições desenvolveram um tratamento que ataca a dor em sua origem, impedindo que ela chegue ao cérebro. E o melhor: sem efeitos colaterais.
 
Muitos tratamentos bloqueiam a dor em sua origem ou durante o percurso até o cérebro. Para isso, são usados medicamentos que neutralizam diretamente neurônios de dor e terminais nervosos. Um dos alvos é o TRPV1, receptor de calor e de capsaicina — substância picante da pimenta — expresso por neurônios responsáveis pela sensação incômoda. Ele tem uma vantagem em relação a outros alvos: pode ser bloqueado individualmente, sem prejuízo para as demais estruturas sensoriais.

Para fazer essa supressão com sucesso, entretanto, é necessário utilizar uma substância parente da capsaicina, a resiniferatoxina (RTX) — mais potente do que sua correlata picante. Ela foi testada como analgésico em porcos, que receberam injeções precisas do medicamento nos gânglios da raiz dorsal (GRD), localizados na região lombar. “Essa região é uma estrutura importante na dor crônica porque modula o impulso que chega à medula. O gânglio processa a sensação”, explica Thiago Freitas, neurocirurgião especialista em dor crônica do Hospital Santa Lúcia.

O neurocirurgião, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Neuromodulação, explica que o GRD funciona adequadamente na maioria das pessoas, respondendo a estímulos de dor apenas como resposta a uma agressão. Nos pacientes com dor crônica, porém, há uma desregulagem. Seus neurotransmissores e receptores não funcionam como deveriam. “A pessoa começa a ter a sensação de queimação ou choque na perna, por exemplo, sem que exista algo por trás disso”, completa Freitas.

Aplicação focada
Os pesquisadores das instituições norte-americanas se guiaram com tomografia computadorizada (TC) para aplicar a RTX exatamente no GRD. “Nós usamos rotineiramente a TC para guiar injeções de anestesias epidurais, por exemplo. Era, portanto, lógico que estendêssemos esse uso para nosso trabalho experimental com RTX. Assim, imitaríamos processos já utilizados em humanos e poderíamos administrar mais seletivamente a RTX em uma área de dor potencial”, conta William Dillon, pesquisador sênior do estudo.

Após quatro semanas de observação, a equipe liderada por Dillon notou que os porcos que receberam o anestésico potente tiveram a expressão de TRPV1 reduzida, sentindo menos dor. A condição foi comprovada pela exposição a estímulos de calor com laser infravermelho (veja infografia). Além disso, não foram constatados efeitos colaterais, como prejuízos nas funções motoras.

Dillon acredita que ensaios clínicos com humanos começarão em breve. “Assim, poderemos mostrar que o uso desses agentes é seguro. Mas, de forma otimista, esperamos que isso forneça um alívio mais permanente ou mais duradouro para pacientes de dor crônica, como pessoas com câncer ou outras condições que não são cirurgicamente tratáveis”, diz o cientista.

O neurocirurgião brasileiro Thiago Freitas considera os achados promissores. Um dos motivos, ele diz, é a ausência de efeito grave colateral. “Você dá ao paciente uma coisa que bloqueia o receptor de dor e que não fornece nenhum efeito colateral sistêmico. Então, essa é a droga perfeita. Mas não podemos nos antecipar, porque estudos com humanos são realmente necessários”, pondera.

Alta incidência
A Associação Internacional para o Estudo da Dor estima que a condição crônica afete o bem-estar fisiológico e psicológico de 15% a 30% dos adultos nos países ocidentais. Nos Estados Unidos, o número de adultos com dor crônica é estimado em 100 milhões. Um levantamento divulgado em 2013 pela Sociedade Brasileira de Estudos para a Dor mostrou que, no Brasil, a doença alcança até 40% da população, variando conforme a unidade da Federação.
 
Correio Braziliense

USP descobre molécula para ‘remédio inteligente’ que reduz efeitos colaterais

Medicamentos poderão agir somente em células doentes, sem prejuízos. Pesquisadores de Ribeirão não têm prazo para começar venda em farmácias
 
Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto (SP), pode ajudar na produção de “remédios inteligentes”, mais precisos contra doenças e com menos efeitos colaterais. Segundo os pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), novas moléculas descobertas após sete anos de estudos podem reduzir a necessidade dos médicos em receitar vários medicamentos para evitar diferentes reações nos pacientes.
 
A administradora de empresas Renata Barros levou meses para descobrir que as dores que sentia na cabeça eram provocadas pelo anticoncepcional que tomava diariamente. “Procurei até um oftalmologista, pensando que pudesse ser falta de óculos, mas minha ginecologista indicou o uso do anticoncepcional adesivo, dizendo que tem menor passagem pelo fígado, e realmente, faz dois meses que parei de tomar e melhorou”.
 
Além desse tipo de reação provocada pelo anticoncepcional, outros efeitos colaterais foram observados por diversos estudos envolvendo o assunto. São comuns, por exemplo, anti-inflamatórios provocarem dores de estômago e antialérgicos causarem sonolência.
 
“Quando você usa de quatro a cinco medicamentos a sua chance de ter reação adversa é praticamente 100%, então todo cuidado é pouco”, comentou a professora da Faculdade de Farmácia da USP, Julieta Ueta.
 
Células doentes
Em laboratório, os pesquisadores encontraram uma maneira de os medicamentos atingirem somente as células doentes e não as saudáveis, que é o que desencadeia os efeitos colaterais. “É como se abríssemos uma torneira com água suja. O medicamento clássico simplesmente fecha a torneira e o que a gente está tentando desenvolver é um medicamento que feche a torneira, mas que permita que continue saindo a água e não a terra”, explicou o pesquisador Cláudio Costa-Neto.
 
O grupo identificou novas moléculas sintéticas que quando testadas em receptores celulares causaram uma atividade de sinalização seletiva, atuando em vias benéficas e bloqueando vias de sinalização não benéficas, que poderiam causar os efeitos colaterais.
 
“É uma chave ligando uma fechadura que consegue, quando girada, ativar aqueles sistemas de travamento, desenvolvendo um novo tipo de chave que selecione quais são as trancas que devem ser ativadas e quais não devem ser ativadas”, disse o pesquisador.
 
De acordo com os pesquisadores, inicialmente o foco da pesquisa está em doenças cardiovasculares, que costumam exigir remédios de uso contínuo. A próxima etapa dos estudos é criar uma empresa para desenvolver tecnologia para produção dessas moléculas e ainda não há prazo para que esse tipo de medicamento esteja disponível nas farmácias. “Em alguns anos teremos um protótipo”, afirmou Costa-Neto.
 
G1

Anvisa suspende lote de água mineral Valle Vita

A Anvisa determinou a suspensão da distribuição, da comercialização e do uso do lote 300510:18 da Água Mineral Natural, marca Valle Vita, com validade até janeiro de 2016
 
O produto é fabricado pela empresa Concessionária Mineração Arroio Bonito Ltda.
 
A Agência tomou esta medida após laudo de análise fiscal emitido pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Estado de Santa Catarina (Lacen-Sc) identificar fungos filamentosos em suspensão.
 
O documento também revela indicativos de falhas de Boas Práticas de Fabricação.
 
A determinação está na Resolução 2.741/2015, publicada nesta terça-feira (29/8) no Diário Oficial da União (DOU).
 
ANVISA