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sexta-feira, 14 de junho de 2013

Parto natural é três vezes mais seguro

Ao perguntar a opinião delas sobre o aumento crescente de mulheres que
fazem uma cesárea, o principal fator foi o medo das dores do parto
 e o desconhecimento das vantagens do parto normal.
Pesquisa da OMS mostra que cesarianas desnecessárias aumentam risco para mãe e bebê
 
Em meio à epidemia de cesarianas que enfrenta o Brasil, segundo palavras do próprio Ministro da Saúde , a Organização Mundial de Saúde (OMS) acaba de divulgar um novo estudo sobre o risco desta opção cirúrgica, quando feita sem necessidade médica: os partos naturais são quase três vezes mais seguros para mães e bebês.
 
A pesquisa feita com 107 mil mulheres, todas da Ásia, identificou que quando a criança nasce por meio das cesáreas sem indicação por quesitos médicos, a mortalidade da mãe, a necessidade de fazer transfusão de sangue e o encaminhamento dos bebês após o nascimento para Unidade de Terapia Intensiva (UTI) são 2,7 vezes com mais freqüentes.
 
O alerta foi feito com base em um índice alarmante: 27,3% das asiáticas avaliadas na pesquisa foram submetidas a cesarianas, taxa alta comparada aos 15% preconizados pela OMS, porém bem inferior ao índice encontrado entre as brasileiras. Do total de partos no País, 43% são cesáreas. Quando na conta entram apenas os procedimentos realizados em maternidades particulares, o registro sobe para 84%, informou ano passado a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
 
Comissão do parto natural
O índice é recordista mundial, afirma o Conselho Federal de Medicina (CFM) e, apesar dos esforços do governo para reduzir as taxas, o efeito foi inverso. O cenário é de aumento de cesarianas já que em 2000, 80% dos partos em unidades privadas em saúde eram deste tipo.
 
Em muitos casos, lamentam os especialistas, a escolha pela cesárea é por motivos banais. Data de aniversário no mesmo dia do que a mãe, agendas complicadas, mês ou signo preferidos já apareceram como justificativa. Ano passado foi noticiado que alguns casais marcaram a cesárea para o dia 09/09/09 só por causa do ineditismo da data.
 
A atriz e apresentadora Fernanda Lima foi escalada pelo Ministério da Saúde para tentar ajudar na mudança de quadro. Na época em que estava grávida de gêmeos, ela fez propaganda sobre a importância do parto natural. A causa também virou bandeira do CFM que criou no final do ano passado uma comissão especial para cuidar do assunto.
 
“Fizemos um fórum em novembro de 2009 e reunimos obstetras, pediatras e mulheres para tentar reverter o quadro, em uma parceria sugerida pela ANS”, afirmou o médico pediatra José Fernando Vinagre, coordenador da Comissão de Parto Natural do CFM. “Já sabemos que para a reversão dos índices precisamos que os hospitais tenham condições de oferecer excelência no atendimento e realização do parto natural. Por isso, este ano, começamos a visitar as maternidades por todo País e vamos fazer uma ampla pesquisa com os obstetras para identificar quais são as principais demandas e falhas atuais”, completou Vinagre. A pesquisa deve ser concluída em julho e a esperança do Conselho e traçar outro paradigma de maternidade.
 
9 horas contra 90 minutos
Com relação aos médicos, a rotina atribulada de trabalho – mais de 70% atuam em dois ou mais empregos revelou censo feito pelo Conselho de Medicina de São Paulo – pode ser um dos motivos. É sabido que alguns trabalhos de parto chegam a durar nove horas e a maior parte das cesáreas podem ser feitas em uma hora e meia. Apesar disso, as vantagens do parto natural são incalculáveis, informa o Ministério da Saúde.
 
Estudos internacionais já demonstram que fetos nascidos entre 36 e 38 semanas, antes do período normal de gestação (40 semanas), têm 120 vezes mais chances de desenvolver problemas respiratórios agudos e, em conseqüência, acabam precisando de internação em unidades de cuidados intermediários ou mesmo em UTIs neonatais. Além disso, no parto cirúrgico há uma separação abrupta e precoce entre mãe e filho, num momento primordial para o estabelecimento de vínculo.
 
Males da mulher moderna
Entender os motivos que fazem as mulheres priorizarem a cesariana também foi o foco de uma enquete realizada por pesquisadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Eles acompanharam de perto 23 grávidas que acabaram fazendo cesárea. Ao perguntar a opinião delas sobre o aumento crescente de mulheres que fazem uma cesárea, o principal fator foi o medo das dores do parto e o desconhecimento das vantagens do parto normal. “Algumas mulheres do setor privado destacaram a possibilidade de programar o parto devido à vida agitada da mulher contemporânea, em vez de esperar pela imprevisibilidade do parto normal”, afirmam os pesquisadores nos Cadernos de Saúde Pública, veículo em que o estudo foi publicado.
 
Fonte iG

Conheça os prinipais tipos de partos

Cesariana: no Brasil esse tipo de parto supera o número
 de partos normais
Como são feitos, as indicações, os benefícios e as desvantagens de cada forma de parir´
 
Normal (ou vaginal)

Como é
Ao final da gestação (cujo termo normalmente ocorre entre 37 e 40 semanas), as contrações dão o alerta de que o trabalho de parto vai começar. Quando elas passam a ocorrer em intervalos de cinco minutos, é um sinal de que o corpo está pronto para dar à luz o bebê.No estágio inicial do trabalho de parto o colo do útero se dilata lentamente e vai se tornando mais fino.
 
Quando a dilatação chega a aproximadamente 10cm, tem início o processo em que o útero passa a empurrar o bebê através do canal vaginal. A força para expulsar o bebê deve ser feita até que ele esteja "coroando", ou seja, até que a cabeça já seja visível fora do corpo da mãe.
 
Depois do nascimento, novas contrações ajudam o útero a expulsar a placenta do corpo da mãe.
 
Indicação
Por ser o método mais natural e seguro tanto para a mãe quanto para o bebê, é também o mais indicado para qualquer gravidez que não apresente complicações.
 
Vantagens
A compressão do tórax ao passar pelo canal vaginal faz com que o líquido amniótico seja expelido dos pulmões do bebê, facilitando a respiração. Para a mãe, a recuperação é mais rápida e menos dolorosa. Além disso o aleitamento logo após o nascimento aumenta a imunidade do bebê e estreita os laços entre mãe e filho.
 
Desvantagens
A dor no períneo é a principal – ela é provocada pela pressão exercida pela cabeça do bebê sobre a região. Muitas vezes é necessário que o médico faça um pequeno corte na região muscular entre a vagina e o ânus, para facilitar a passagem do bebê. Chamada de episiotomia, essa prática é seguida por alguns pontos, que normalmente caem sozinhos alguns dias após o parto.
 
Recuperação
Costuma ser rápida e praticamente indolor (à exceção de algum desconforto causado pela episiotomia). Geralmente, em dois dias mãe e bebê já podem ir para casa.
 
Modalidades de parto normal
Há diversas modalidades de partos normais, que diferem entre si desde em relação ao método usado para evitar ou não a dor até o meio em que o bebê nascerá. Confira a seguir algumas das mais populares.
 
Parto de cócoras: a diferença para o parto normal tradicional é a posição da parturiente, que fica de cócoras em vez de permanecer deitada. Com a gravidade agindo, a tendência é de um parto mais rápido. Mas atenção: ele só pode ser realizado em mulheres saudáveis e sem problemas de pressão e se o bebê estiver na posição cefálica (com a cabeça para baixo).
 
Parto na água: em uma banheira esterilizada e com água aquecida, a parturiente dá à luz no mesmo ambiente em que o bebê se encontra no útero, ou seja, cercado de líquido. Como ele segue respirando pelo cordão umbilical por alguns segundos após o nascimento, não há risco de afogamento caso o parto seja conduzido por profissionais habilitados. Para a mãe, a água quente pode atenuar as dores e o cansaço do trabalho de parto, ajudando a relaxar e a tornar a experiência mais prazerosa.
 
Parto natural: é o parto vaginal feito sem intervenções como a analgesia, o rompimento artificial da bolsa e a episiotomia. Apesar de proporcionar à mulher a experiência de parir em circunstâncias totalmente naturais – o que para algumas é descrito como uma experiência ponderosa –, esse tipo de parto não é indicado para todas as mulheres.
 
Parto cesáreo (ou cesariana)

Como é
Trata-se de uma cirurgia abdominal em que o médico faz uma pequena incisão no abdome (normalmente, um pouco abaixo da linha do biquíni) e na parte inferior do útero para retirar o bebê da barriga da mãe.
 
O procedimento é precedido de anestesia, normalmente raquidiana (nela o analgésico é administrado de uma só vez e com duração de ação limitada).
 
Assim que o bebê nasce, é avaliado por um pediatra e levado até o berçário para o banho e, se necessário, a incubadora. Enquanto isso, depois de ter o corte fechado por pontos, a mãe é transferida para uma sala de recuperação, onde receberá o bebê para as primeiras tentativas de amamentação.
 
Indicação
Por apresentar maiores riscos de infecção e sangramento, a cesariana é indicada apenas quando há algum impedimento para a realização do parto normal.
 
Em geral, a cesariana é indicada quando:
 
- O bebê estiver sentado ou de lado
 
- Houver desproporção céfalo-pélvica (quando a cabeça do bebê é maior do que a passagem da mãe)
 
- A mãe tiver hemorragias no final da gestação
 
- For uma gestação de múltiplos
 
- Houver piora em um quadro de pré-eclâmpsia (elevação da pressão arterial)
 
- A mãe tem herpes genital
 
- A grávida tiver problemas de coluna e/ou quadril
 
- A mãe tiver diabetes gestacionalHouver ruptura prematura da bolsa

Indicações de urgência:
Sofrimento fetal (alteração nos batimentos cardíacos do bebê)Prolapso do cordão umbilicalDescolamento de placentaTrabalho de parto prolongado

Vantagens
A cesariana oferece um método de nascimento alternative nos casos em que os riscos de um parto normal superam os benefícios. É também uma opção para mulheres que enfrentam uma gravidez complicada ou de risco.
 
Desvantagens
Como trata-se de uma cirurgia, os riscos são os mesmos de outros procedimentos incisivos, incluindo infecção, hemorragia e até mesmo acidentes cirúrgicos. A cicatrização também pode apresentar problemas, como a formação de queloides ou hérnias.
 
Recuperação
Por se tratar de uma cirurgia de grande porte, a recuperação pode ser bem lenta. Em geral, mãe e bebê só vão para casa após três ou quatro dias. Apenas cerca de 8 a 12h após a cesárea é liberada a alimentação, e só de 10 a 12 horas após o parto a mulher pode sair da cama – normalmente levada para tomar um banho com a ajuda de enfermeiras.
 
Caminhar é um dos primeiros passos rumo à recuperação, mas o processo de cicatrização geral é longo e demanda alguns cuidados, especialmente com a área externa do corte – que precisa estar sempre bem higienizada.
 
Nas primeiras quatro a seis semanas, é fundamental não fazer grandes esforços físicos, não carregar peso além do próprio bebê e não dirigir. A retomada da atividade sexual costuma ser liberada pelos médicos em 40 dias, mas é necessário que cada caso seja avaliado individualmente.

Fonte: Flavia Moreira Soares, ginecologista e obstetra da Secretaria da Saúde do Governo do Estado do Rio Grande do Sul
 
Por iG

Partos caseiros 'são menos arriscados' do que os de hospital

AP
Gestantes de baixo risco na segunda gravidez têm menos
complicações se tiverem bebê em casa
Pesquisa analisou cerca de 150 mil mulheres com gravidez de baixo risco na Holanda, onde os partos caseiros respondem por cerca de 20% do total de nascimentos no país
 
Partos considerados de baixo risco, feitos em casa, são menos arriscados do que os de hospital, principalmente na segunda gravidez, sugere uma pesquisa publicada na revista científica British Medical Journal.
 
O estudo, realizado por pesquisadores holandeses, indica que, no geral, o risco de complicações severas é de 1 em mil para partos caseiros e 2,3 em mil para partos nos hospitais.
 
Para mulheres com gravidez de baixo risco que têm o primeiro filho em casa, as chances de precisarem de tratamento intensivo e transfusão de sangue eram pequenas e similares ao das mulheres que dão à luz no hospital: 2,3 por mil em partos caseiros e 3,1 por mil para partos de hospital.
 
Já para mulheres na segunda gravidez, os riscos de complicações severas eram bem menores em partos domiciliares. Entre essas grávidas, a chance de sofrer hemorragia pós-parto era de 19,6 por mil, em comparação com 37,6 por mil para mulheres atendidas no hospital.
 
Os pesquisadores, que incluem parteiras especializadas e obstetras das universidades de Amsterdã, Leiden e Nijmegen, avaliam que os dados são "estatisticamente importantes".
 
A pesquisa analisou cerca de 150 mil mulheres com gravidez de baixo risco na Holanda que deram à luz entre 2004 e 2006. Entre elas, 92.333 tiveram bebês em casa e 54.419 foram atendidas no hospital.
 
Resposta eficiente
Na Holanda, partos caseiros respondem por cerca de 20% do total de nascimentos no país. A pesquisadora Ank de Jonge, do VU University Medical Centre em Amsterdã, disse que os dados mostram que o sistema holandês funciona bem.
 
"Isso vem de um bom sistema de avaliação de risco, que inclui boa rede de transporte e parteiras treinadas", disse Jonge.
 
A pesquisadora acrescenta que mulheres que dão à luz em casa têm menos chances de sofrer intervenções, mas em caso de emergências "é preciso que a resposta seja eficiente".
 
Cathy Warwick, presidente da Royal College of Midwives da Grã-Bretanha, disse que a pesquisa prova que há segurança e benefícios dos partos caseiros para algumas mulheres, principalmente as que dão à luz pela segunda vez.
 
"Esta pesquisa deveria estimular serviços de maternidade a alocarem mais recursos para oferecer mais oportunidades para que as mulheres tenham partos em casa. Sabemos que muitas delas gostariam de fazê-lo, mas não podem por causa da falta de parteiras", disse Warwick.
 
No Brasil, 97% dos partos são feitos em hospitais, segundo o Ministério da Saúde. O Sistema Único de Saúde, por meio do Projeto Cegonha, lançado em 2011, vem promovendo a capacitação e qualificação de doulas (acompanhantes) e parteiras tradicionais que fazem partos em regiões mais isoladas do país, onde há falta de hospitais e médicos.

Fonte iG

Cientistas buscam novas ferramentas para caçar novos vírus

British Health Protection Agency
Coronavírus: novas doenças e vírus estão surgindo cada vez
mais rápido, colocando autoridades de saúde em alerta
Surtos provocados por variações de vírus já conhecidos colocam autoridades de saúde em alerta: mundo não pode ser dar ao luxo de relaxar, dizem especialistas
 
Uma nova gripe, H7N9, matou pelo menos 36 pessoas desde que foi encontrada pela primeira vez na China há dois meses. Um novo vírus da família SARS vitimou outras 22 pessoas desde que foi encontrado na Península Arábica no verão passado.
 
Nos últimos anos, talvez isso pudesse ter sido motivo para pânico. No entanto, as vendas de frango e carne de porco não caíram, como ocorreu durante surtos de gripes ligadas a suínos e aves. O número de viagens para Xangai e Meca não diminuiu, nem houve alertas pelo fechamento de fronteiras nacionais.
 
Será que essa reação relativamente calma é adequada? Ou o surgimento simultâneo de duas novas doenças sugere algo mais grave? Na verdade, dizem os especialistas, a resposta para ambas às perguntas pode muito bem ser sim.
 
“Fizemos um excelente trabalho a nível mundial nos últimos 10 anos”, diz William B. Karesh, veterinário especialista em vida selvagem e chefe de políticas de saúde da EcoHealth Alliance, que monitora epidemias entre animais e seres humanos.
 
“Em comparação à H5N1 e SARS, estamos resolvendo o problema dessas doenças muito, muito rápido.”
 
Mas ele acrescenta que “as pessoas se tornaram insensíveis ao longo do tempo – pensando ‘Ah, OK, outra doença’”.
 
Já os cientistas dizem que o mundo não pode se dar ao luxo de relaxar. A ameaça é real. Novas doenças estão surgindo mais rápido do que nunca.
 
O parasitologista Peter Daszak, presidente da EcoHealth Alliance, chegou mesmo a citar um número: 5,3 novas doenças a cada ano, com base em um estudo que utilizou dados de 1940 a 2004. Ele e seus coautores culparam o crescimento populacional, o desmatamento, o uso excessivo de antibióticos, a agricultura industrial, o comércio de animais vivos, a caça de animais selvagens, as rápidas viagens aéreas e outros fatores.
 
Alguns aspectos dos novos vírus são assustadores. O coronavírus árabe – agora oficialmente denominado MERS, que quer dizer síndrome respiratória do Oriente Médio – matou cerca de metade das pessoas que infectou, enquanto a SARS matou menos de um quarto; em laboratório, o vírus se replica mais rápido do que a SARS, penetra as células do pulmão mais facilmente e inibe a formação de proteínas que avisam ao corpo que ele está sob ataque.
 
Em seu discurso de encerramento na reunião anual dos ministros da saúde do mundo realizada recentemente, Margaret Chan, diretora-geral da Organização Mundial de Saúde, disse que o vírus era agora a sua “maior preocupação”.
 
Até especialistas descobrirem onde ele se esconde e como infecta os seres humanos, “estamos de mãos atadas no que diz respeito à prevenção”, disse ela. “São os sinais de alerta, e nós temos que reagir”.
 
A gripe H7N9 foi fatal em um quarto dos casos conhecidos – a gripe espanhola de 1918 matou apenas dois por cento de suas vítimas – e já tem uma mutação perigosa, que facilita a replicação nas temperaturas do corpo humano.
 
Ainda assim, a melhoria da vigilância significa que tais ameaças estão sendo encontradas mais cedo, possibilitando que haja tempo para desenvolver contramedidas, como vacinas, e diminuindo a probabilidade de que um vírus como o da gripe de 1918 volte a matar milhões de pessoas.
 
Isso também significa que o fato de surtos de doenças desaparecerem de maneira despercebida agora disparam alarmes, para melhor e para pior. Cinquenta anos atrás, até mesmo o temido H5N1 da gripe aviária, que surgiu em 2003 e mata cerca de metade de suas vítimas, pode ter se perdido. É tão raro ela passar para seres humanos que até o momento permanece basicamente um problema aviário: ela já matou milhões de frangos e alguns rebanhos de aves selvagens, mas em uma década inteira ceifou apenas 364 vidas humanas, e só sabemos disso porque é possível distingui-la de outras gripes por genotipagem.
 
A capacidade do mundo de detectar novas doenças se acelerou tanto por razões técnicas quanto por razões políticas. Em primeiro lugar, hoje o sequenciamento genético é feito rapidamente em muitos laboratórios.
 
Em segundo lugar, hoje é possível ter acesso imediato a descrições precisas de sintomas. Serviços de notícias on-line, como o ProMED, dispondo de cientistas-membros em todo o mundo, emitem diversos relatórios diários a respeito de surtos de doenças de todo tipo, desde a murcha bacteriana da banana até o Ebola humano, passando pela febre catarral ovina. Além disso, sequências genéticas de novos vírus são frequentemente colocadas em bases de dados públicas, de modo que o percurso que percorrem pode ser rastreado.
 
Os cientistas descobriram, por exemplo, que uma convenção da juventude católica realizada em Sydney, Austrália, em 2008 atraiu cepas de influenza que semearam novos surtos em todo o hemisfério norte.
 
Em terceiro lugar, e não menos importante, os países que costumavam esconder os surtos ocorridos em seu território agora admitem quando são acometidos por eles. Seria praticamente impossível agora, por exemplo, repetir o que aconteceu na África na década de 1980, quando presidentes do continente insistiram durante anos que não havia ninguém com AIDS na região.
 
Ocultar um surto significa hoje uma violação dos regulamentos da Organização Mundial de Saúde, adotados logo após a epidemia da SARS. As regras exigem que os membros divulguem qualquer evento de saúde pública que possa se espalhar para além de suas fronteiras.
 
Tanto a H7N9 quanto a MERS se encaixam nessa descrição. Ambas não são facilmente transmissíveis, embora seja quase certo que as duas infectaram membros de uma mesma família, enfermeiros ou colegas de quarto do hospital depois de uma longa exposição. A maior parte das mortes causadas por ambas foram de pacientes idosos com problemas de saúde. O que é mais preocupante é o fato de que ninguém sabe de que maneira esses vírus infectam suas vítimas.
 
A H7N9 é uma gripe aviária que é uma mistura de genes de galinhas domésticas e aves aquáticas selvagens. Mas muitos chineses acometidos pela H7N9 não tiveram contato, até onde se sabe, com aves, e a doença foi encontrado em aves em pouquíssimos casos. Ao contrário da H5N1, ela não dizima bandos de aves, de modo que é difícil de rastrear o seu percurso. Seu padrão de propagação se concentrou basicamente no entorno de Xangai, sugerindo que ela atacou principalmente aves, não pássaros migratórios.
 
Uma década atrás, a H5N1 também começou na China, mas se propagou em direção ao oeste, em ziguezague, quando aves aquáticas selvagens passaram o verão compartilhando lagos da Mongólia com espécies que seguiram rumo ao sudoeste, para a Europa Oriental, o Egito e a África, e foram atingidas por tempestades que as levaram até a Grã-Bretanha.
 
As origens da MERS são ainda mais intrigantes. Os cientistas entendem que ela foi transmitida por morcegos, porque ela é geneticamente mais próxima do coronavírus encontrado neles do que a SARS ou do que os quatro coronavírus humanos de que se tem notícia, responsáveis por provocar os resfriados comuns. Porém, embora morcegos que habitam o México, a Europa e a África tenham vírus semelhantes, ainda não foi encontrado nenhum caso entre morcegos, camelos, cabras árabes, nem em outros animais que pudessem vir a transmiti-lo para os seres humanos. Agora, os médicos estão procurando isolar os doentes e tratá-los com os antivirais oseltamivir e zanamivir contra H7N9, e com ribavirina e interferon, contra MERS.
 
Se começar uma epidemia de um dos vírus, o próximo passo será a vacinação.
 
Os Centros de Controle e Proteção de Doenças (CDC) começaram a fabricar uma vacina contra a H7N9 no início de abril.
 
A primeira das várias possíveis pode estar pronta para ser encaminhada aos fabricantes até o final de maio, disse uma porta-voz. Não é possível prever quanto tempo será então necessário para produzir e embalar milhões de doses, disse ela, mas o processo deve levar pelo menos seis meses.
 
A produção de uma vacina contra a MERS vai demorar muito mais tempo, afirma Mark A. Pallansch, diretor da divisão de doenças virais dos CDC. Apesar de vacinas contra a gripe serem produzidas em todo o mundo há 60 anos, a busca de uma vacina contra o coronavírus decaiu desde a epidemia de SARS.
 
Até recentemente, as partes mais interessadas eram os criadores de aves, dado que o coronavírus é letal para os perus. Os coronavírus são extraordinariamente complexos, de modo que encontrar alvos potenciais para as vacinas tem sido difícil, e os extensivos testes de segurança custam caro. Além disso, apenas recentemente foi encontrado um modelo animal para a realização de testes – os macacos, nos quais o vírus provoca pneumonia.
 
Fonte iG